Os empregados Caixa prestam um trabalho importantíssimo ao país nesse momento em especial. Em meio a pandemia foi-lhes imposto a tarefa de pagar o auxílio emergencial aos mais de 50 milhões de brasileiros. A centralização da tarefa combinada ao despreparo do Governo Federal tem resultado em dias exaustivos, onde os trabalhadores enfrentam ainda o descontrole daqueles que não tiveram sua solicitação de auxílio aprovada. Não bastasse todo o cenário de tensão, a classe ainda precisa lidar com a perda de colegas para a Covid-19. O vírus já ceifou a vida de 12 bancários no Brasil.
Lideranças das Apcefs, Fenae e sindicatos têm acompanhado o dia a dia dos trabalhadores nas agências e cobrado os responsáveis para que sejam resguardados os direitos e principalmente a saúde dos empregados Caixa. “Precisamos defender a vida dos colegas e, o cumprimento do acordo coletivo de trabalho é uma importante ferramenta, ainda mais agora”, defende o diretor-presidente da Apcef/SC, Marco Zanardi.
O momento exige atenção. De acordo com o SEEB do Maranhão, até o dia 7 de maio 12 (doze) bancários perderam a vida no Brasil em razão do coronavírus. Ao todo, foram confirmados 3 (três) óbitos em São Paulo, 3 (três) no Rio de Janeiro, 3 (três) no Pará, 1 (um) no Espírito Santo, 1 (um) na Bahia e 1 (um) no Amazonas, segundo os sites dos sindicatos dos bancários dos respectivos Estados.
Mais de 80 milhões de beneficiados:Tarefa dantesca centralizada na Caixa
“Já foram pagos 50 milhões de benefícios e mais 30 milhões de pessoas estão aptas a receber o auxílio emergencial, o que continuará demandando mais pressão sobre a Caixa”, alertou o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, durante entrevista à TV 247, nesta quinta-feira (7). Ele lembrou que os empregados da Caixa estão no limite da força física e mental, impostos por jornadas estressantes e correndo de risco de serem contaminados pelo novo coronavírus.
Takemoto destacou ainda que o movimento sindical e associativo tem negociado com a direção da Caixa medidas protetivas à categoria e à população. Segundo ele, graças a pressão das entidades foi assegurada a aquisição de EPIs (equipamentos de proteção individual) como máscaras, luvas e proteção em acrílico; home office para os empregados que fazem parte do grupo de risco, PCDS e para 70% dos trabalhadores em sistema de revezamento. “A Fenae, a Contraf/CUT e outras entidades representativas têm cobrado a contratação dos concursados. A falta de empregados compromete a qualidade do atendimento à população, especialmente em momentos de crise,” apontou.
De acordo com o presidente da Fenae, a Caixa não divulgou números oficiais sobre o quantitativo de trabalhadores do banco infectados pelo coronavírus. Mas, as entidades apuraram que já são mais de 200 casos suspeitos e cerca de 100 confirmados, além de duas mortes. “Esse número poderia ser bem maior se não fossem as medidas protetivas que as entidades conseguiram na negociação com o banco. Os trabalhadores estão tendo de fazer triagem e colocar a população dentro das agências, para esconder da mídia as aglomerações”, denunciou.
Assédio moral
A denúncia de convocação dos gerentes gerais Caixa Econômica Federal para chegarem mais cedo às agências e realizarem triagem das filas, sem horário para sair, chegou à Fenae e à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) que avaliaram a ação do banco como assédio moral. Além disso, os trabalhadores devem permitir a ocupação de 50% dos assentos das unidades com clientes e fotografar de hora em hora as filas para enviar à Superintendência Executiva de Varejo (SEV).
Agressões
Questões como: não ter direito ao benefício ou demora nas filas têm causado irritação nas pessoas que procuram as agências. Como resultado, trabalhadores da Caixa têm sofrido agressões, como registradas no Amazonas, onde um bancário recebeu um soco na cabeça. Em Sergipe, duas agências foram incendiadas no dia 30 de abril. Em ambos os casos as chamas foram controladas e ninguém foi ferido.
Por situações como as acima citadas é que se faz necessário o fomento da luta pelos direitos e segurança dos empregados Caixa. Proteção à saúde, empatia e respeito ao trabalho são essenciais, especialmente nesse momento de crise.
Zuleida Rosa, Diretoria de Aposentados do SEEB fala sobre a atuação do SINTRAFI:
O SINTRAFI (Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Florianópolis e Região) tem mantido a assistência jurídica e trabalhista aos bancários, desde o início da pandemia da Covid-19. Em sistema de plantão, por telefone (números divulgados no site do sindicato) ou nas unidades. Organizamos serviço de alto-falante, passando na frente das unidades, com orientações para a população, com o intuito de diminuir as filas. Na nossa base, não tivemos casos fatais, mas vários bancários foram contaminados, exigindo ação rápida e direta dos dirigentes.
Os problemas na Caixa são os mais acentuados, devido ao atendimento que o banco está prestando, com relação ao auxílio assistencial. Outra iniciativa do sindicato é o contato com os representantes da saúde da Caixa, GIPES PO, que tem nos atendido prontamente, inclusive ao atendimento remoto para os terceirizados que têm algum sintoma. A GILOG PO 25, responsável pela descontaminação das unidades também tem nos prestado pronto auxílio.
Embora estejamos recebendo auxílio destes setores institucionais, notamos esforço e ação pessoal dos colegas. E, neste contexto, o SINTRAFI Florianópolis repudia firmemente as exigências que a diretoria da Caixa mantém junto aos empregados, expondo-os ao vírus devastador. A falta de agilidade para realizar convênios/parcerias com a prefeitura, polícia e exército, na questão de organização das filas e proteção aos empregados, que sofrem ameaças e agressões. Como se já não bastasse a pressão psicológica de quem está atuando nas agências. O esforço que os colegas estão realizando é romantizado, nominado de heroico. Não acreditamos que flertar com a morte seja correto. Enquanto os textos divulgados emocionam quem está do lado de fora, nossos telefones registram o desespero de quem está atendendo o público. O choro e as dúvidas dos bancários estão sendo o dia a dia dos diretores do sindicato.
O estrago na vida dos bancários da Caixa será sentido muito além da pandemia.