No último 1º de novembro, o salão nobre da sede da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal de Santa Catarina (APCEF/SC), em Jurerê, reuniu cerca de 30 associados de longa data, entre fundadores, ex-presidentes, frequentadores assíduos e alguns dos desportistas que já vestiram a camisa da entidade. Ao invés do palco, a atenção do grupo heterogêneo, de gerações distintas, foi atraída para uma mesa decorada, próxima ao memorial do recinto. Sobre uma toalha alaranjada, três caixas continham quatro mil fotos antigas pertecentes ao acervo da instituição. Assim que os primeiros retratos passaram a circular de mão em mão, ficou evidente a relação afetuosa construída entre os membros do encontro e a Associação. Em meio a recordações das festas tradicionais, dos Jogos de Integração,
dos dias de camping, a diretoria dividiu alguns dos planos em curso para a celebração dos 60 anos da APCEF/SC, que serão completados no dia 2 de maio deste ano. A história da entidade vai inspirar livro, um mini-documentário, além de outras ações que serão divulgadas no site www. apcefsc.com.br e redes sociais. Segundo adiantou o diretor-presidente, Marco Zanardi, as comemorações pretendem valorizar a história, mas também demonstrar como o vínculo entre associado e entidade possibilitou que se alcançasse a estrutura atual. “Nossa Associação foi construída por várias mãos e a preservação da memória da entidade passa pelo reconhecimento de nossos personagens”, comentou. As seis décadas de história da entidade são para o ex-presidente Osni Nunes (gestão 1964/1965) uma espécie de bodas de diamante. Funcionário da
Caixa Econômica Federal entre 1952 e 1984, o nome dele consta na nominata de fundação da entidade, em uma ligação que persiste até hoje. “São muitos momentos vividos aqui, nesse tempo todo. Não me recordo de ter ficado um mês sem vir aqui”, disse Osni, ao lado da esposa Jane (foto em destaque), com quem é casado há 56 anos. Os dois contam que decidiram residir em Jurerê em 1973 só para ficarem mais próximos da sede balneária. “Nossa vida é indissociável da Associação”, resumiu Jane, frequentadora assídua. A reunião nostálgica, que teve início pela manhã, avançou a tarde daquela sexta-feira. Além de Osni Nunes, compareceram ao evento os ex-presidentes Miguel Digiácomo (1960), Hélio Cervelin (1987-1989) (na foto acima, ao lado de Zanardi), Isair Dallazen (2004-2007), Arlindo Maciel Sebastião (2007-2010) e Marcelo Sandin Boeing (2010-2013 /2013 – 2016).
A história contada pelos associados
Desde a fundação, em 1960, a APCEF empunhou diferentes bandeiras, a partir de demandas que eram próprias dos funcionários da Caixa Econômica Federal. Assim como na década de 1980 a insatisfação do quadro funcional exigiu que a instituição atuasse politicamente no processo de redemocratização do país, sua estrutura foi sendo ampliada gestão após gestão para acomodar mais eventos culturais e esportivos, sem deixar de oferecer conforto ao associado e sua família quando em férias. Beneficente, recreativa, festiva, social e política, a Associação serviu diversas vezes como uma espécie de porto seguro aos economiários. Esse caráter acolhedor e de múltiplos significados da entidade será o tom do livro e mini-doc sobre os 60 anos. Produzido pela AM-PLUS Vídeo, de Curitiba, o filme contará a história pelo depoimento de associados de longa data. Já o livro, produzido pela Agência Construtores de Memórias, de Florianópolis, vai mesclar entrevistas com registros documentais. Ambos trabalhos devem ser lançados em maio, dentro da programação especial do 60º aniversário. Para saber mais, acompanhe o site e as redes sociais da APCEF.
“Meu retrato está garantido” Miguel Digiácomo ex-presidente da APCEF/SC
A APCEF nasceu política, em um ato espontâneo de indignação contra uma decisão do extinto Conselho Administrativo da Caixa Econômica Federal em Santa Catarina. Encerrado o expediente do dia 2 de maio de 1960, cerca de 40 funcionários tomaram o espaço superior da Agência Central, em um prédio da Conselheiro Mafra, situado entre a Rua Álvaro de Carvalho e a Jerônimo Coelho. Sobre esse dia, o fundador e ex-presidente Arnaldo Tavares escreveu na edição de nº 18, de 1984, da revista O Economiário. “Com alguns cruzeiros doados pelo colega Nairto da Silva, compramos livros de registro de presença e atas. Solicitamos ao colega Amauri Farias Ramos que abrisse o livro de presença assinando ao número um e nós assinamos a seguir, até o número 39”, relatou.
Tavares teria papel fundamental para a escolha do primeiro presidente, ao indicar o nome de Miguel Digiácomo como o mais gabaritado a conduzir a formalização da instituição. Digiácomo esteve presente no encontro do dia 1º de novembro e compartilhou a reação que teve ao ter seu nome aclamado por unanimidade pelos demais fundadores. “Meu retrato está garantido”, reproduziu. Como ele próprio contou, seu papel na APCEF/SC durou de maio a outubro daquele ano, quando o colega Adhemar dos Passos foi eleito para o cargo. “Era impossível imaginar que aquela iniciativa iria culminar nessa estrutura de hoje. Particularmente, é motivo de felicidade poder testemunhar o atual momento da entidade”, disse.
Pesquisa revela potencial do acervo
Que compõem o acervo da entidade. Para fundamentar a produção do livro, por exemplo, encontrou-se 513 registros de reuniões de diretoria, realizadas entre 1960 e 2016, além de 165 edições de publicações informativas que gestões passadas usaram para divulgar feitos e fatos em torno da organização. Há verdadeiras relíquias, como o resumo do primeiro encontro após a fundação e os detalhes sobre a compra do terreno da sede balneária, em Jurerê. Ciente da riqueza do material, a diretoria quer tornar o conteúdo mais acessível aos associados.
Fotos: Betina Humeres