NO SENADO, BANCÁRIOS DEFENDEM SAÚDE E O FIM DO MODELO DE GESTÃO QUE GERA ADOECIMENTO

NO SENADO, BANCÁRIOS DEFENDEM SAÚDE E O FIM DO MODELO DE GESTÃO QUE GERA ADOECIMENTO

Transtornos mentais e comportais têm provocado o afastamento dos trabalhadores do ambiente de trabalho

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal realizou, nesta quinta (26), audiência pública para tratar das condições de trabalho insalubres nos bancos e os altos índices de adoecimento da categoria bancária. Participaram do debate representantes de entidades sindicais e associativas, a exemplo da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUt), do Ministério Público do Trabalho, da Fundacentro, Ministério da Saúde e dos bancos.

A Fenae foi representada pela diretora de Políticas Sociais, Rachel Weber. Para a dirigente, existe hoje por parte das instituições bancárias o negacionismo dos problemas de saúde mental que afeta os trabalhadores.

“É um número alarmante. Não adianta a gente trabalhar ou viver sem saúde. E a gente percebe que, muitas vezes, as pessoas nem sabem o que são questões como assédio e nem o que elas mesmas podem estar praticando. Então, essa pauta é importante para nós porque a gente vive um processo de negacionismo em relação à saúde mental e acreditamos que cuidar do assunto é uma tarefa de todos”, enfatizou Rachel.

A audiência foi iniciativa da senadora Augusta Brito (PT/CE), a pedido da Contraf-CUT. “O grande número de funcionários que pedem afastamento por motivos emocionais revela, para os debatedores, as más condições de trabalho e a dificuldades de as instituições financeiras reconhecerem a existência de um ambiente que leva ao adoecimento de seus empregados”, destacou a parlamentar.

A pressão por resultados e a cobrança pelo cumprimento de metas inatingíveis com ameaça sobre seus empregos foram apontadas, na audiência, como razões que levam os bancários a ter problemas relacionados à saúde mental.

A categoria, que representa apenas 1% dos trabalhadores com emprego formal, tem hoje 24% dos afastamentos por doenças mentais.  Os bancários sofrem também com o medo de assaltos e discriminações no ambiente corporativo.

“O setor não reconhece esses adoecimentos é isso é extremamente preocupante. Existe uma subnotificação gigantesca. Quando a empresa não reconhece não é feito para mudar o cenário para que o adoecimento não aconteça”, alertou a representante do Ministério Público do Trabalho, a procuradora Cirlene Luiza Zimmermann.

Além de dados que expressam o cenário crítico, o relato de alguns trabalhadores, presentes na audiência pública, traduzem o nível de estresse e pressão que sofrem no dia a dia. Eles estão afastados das empresas e em tratamento, contando com apoio do sindicato de sua base.

“São pessoas que estão sofrendo e não aguentam mais cobranças. É impossível um ser humano viver com tanta pressão”, alertou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, que participou da audiência por videoconferência.

A Confederação foi representada ainda pelo secretário de saúde, Mauro Salles, que abordou entre outros aspectos as dificuldades que os trabalhadores enfrentam quando necessitam atendimento da Previdência Social para tratamento. Segundo ele, o INSS cria inúmeros empecilhos para o acesso aos direitos.

“Foi uma audiência bastante positiva. Ficou claro que existe um problema sério a ser enfrentado na categoria bancária. O representante da Fenaban não conseguiu justificar, mas conseguimos garantir a retomada da mesa de negociação sobre o tema e acompanhamento da senadora nesse processo”, enfatizou Salles.

FONTE DO TEXTO: FENAE