MANIFESTO EM DEFESA DOS EMPREGADOS DA CAIXA
As entidades representativas dos empregados da Caixa vêm a público repudiar o descaso com o qual a direção do banco e o Governo Federal vem tratando os trabalhadores do banco e os milhões de brasileiros que precisam receber o auxílio emergencial de R$ 600,00.
Em meio à crise de saúde pública, causada pela pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 285 mil pessoas em todo o mundo e mais de 11.500 no Brasil, o que se vê por todo o país são aglomerações em agências da Caixa, gerando tensão entre a população e os bancários, além do risco de contaminação pela COVID 19.
O caos instalado nas agências é o retrato da incompetência de um governo que não dá atenção aos mais carentes e deixa que recaia sobre os empregados do banco o descontentamento com os erros cometidos em todo o processo de concessão, pagamento do benefício e combate à pobreza no Brasil.
Metade da população brasileira, cerca de 100 milhões de pessoas recorreram à Caixa nesse momento. Desde que o auxílio emergencial entrou em vigor, as entidades associativas e sindicais têm alertado sobre o risco da centralização na Caixa e cobrado da direção do banco medidas para proteger os empregados e a população. Falta de informações, falhas em aplicativos e concentração do pagamento do auxílio emergencial em apenas um banco geraram o clima de estresse e indignação nas agências da Caixa, ameaças físicas aos bancários, dentre outros transtornos.
A direção do banco tem adotado apenas medidas paliativas. A situação tende a se agravar se considerarmos que está previsto para o mês de maio o início do pagamento do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, destinado aos trabalhadores que tiveram redução de jornada de trabalho e de salário ou suspensão temporária do contrato de trabalho em função da crise causada pela pandemia do coronavírus, o que pode gerar um novo fluxo de quase 24 milhões de beneficiários. Isso sem contar novos saques do FGTS, previstos para ocorrer a partir de junho, e que nas próximas semanas já terá início novo ciclo de pagamento do auxílio emergencial, referente à segunda parcela, cujas datas, mais uma vez não estão sendo informadas com a devida antecedência.
Diante desse cenário de extrema gravidade, é preciso que o governo adote medidas urgentes para agilizar o pagamento e diminuir as filas nas agências da Caixa e a sobrecarga dos trabalhadores:
– descentralização do pagamento, repassando essa operação para outros bancos públicos;
– massificação de campanhas de esclarecimento sobre o benefício, uma vez que boa parte dos problemas das filas é decorrente da falta de orientação sobre o benefício emergencial;
– estabelecimento de parcerias com estados e municípios, visando orientar, cadastrar ou recadastrar as pessoas que encontram dificuldades.
Se essas reivindicações já tivessem sido adotadas pelo governo Federal, os problemas que os empregados da Caixa e a população enfrentam hoje seriam menores.
Todos os dias recebemos notícias de novos bancários da Caixa contaminados, além de informações sobre óbitos e as centenas de casos suspeitos. Não podemos deixar de citar também os relatos que chegam às entidades de trabalhadores estressados e com risco de adoecimento mental, por conta da pressão. Números esses que poderiam ser maiores se não fosse a atuação das entidades representativas junto à direção da empresa para assegurar equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras e luvas, e outras medidas protetivas como o teletrabalho para as pessoas que se enquadram no grupo de risco e sistema de revezamento com home office.
Os trabalhadores que estão na linha de frente do atendimento estão se desdobrando para fazer o melhor para as pessoas que procuram a Caixa, mas é necessário que o banco ofereça condições dignas de trabalho e pare de colocar em risco a saúde e a vida da categoria. As entidades representativas continuam lutando para que a Caixa faça seu papel social enquanto empresa pública, focada em políticas públicas para atender o povo brasileiro, e exigindo mais respeito e mais reconhecimento aos empregados.