CAIXA ‘pesa a mão’ contra seus empregados

Os trabalhadores começam a sentir os efeitos do ‘pacote de Natal’ da Caixa. Além de uma reestruturação sem aviso prévio, o agigantamento das metas e ameaças de descomissionamento têm oprimido os empregados, já sobrecarregados com os efeitos de uma extensa atuação em meio à pandemia.

A direção da Caixa decidiu por não renovar o aluguel de em média 170 imóveis utilizados pela instituição. A devolução dos prédios e a venda de outros foram divulgadas na última semana de novembro, juntamente com o balanço trimestral do banco. O processo de reestruturação aprovado pelo Conselho Diretor da empresa, sem negociação e sem esclarecimentos, envolve todas as áreas da Caixa, sobretudo as ligadas à Rede de Varejo (Vired), à Tecnologia e Digital (Vitec), à Logística e Operações (Vilop), à Inovação (Vinov) e à vice de Governo (Vigov). Gerências como de tecnologia (Gitec), de logística (Gilog), de segurança (Giseg) e de Alienação de Bens Móveis e Imóveis (Gilie), podem ter suas filiais extintas e parte de suas atividades poderão ser transferidas para centralizadoras a serem criadas.

Reestruturação +

Sem nenhum aviso prévio, as mudanças pegaram de surpresa os trabalhadores que tomaram conhecimento da situação ao chegarem ao local de trabalho. E, um dos maiores impactos da reestruturação será o descomissionamento dos empregados realocados às pressas, sem planejamento algum. Entidades representativas dos empregados da Caixa divulgaram uma carta aberta à direção do banco no dia 2/12, condenando a realocação de trabalhadores lotados em gerências Executivas de Governo (Gigov), gerências Executivas de Habitação (Gihab), Representação Jurídica (Rejur), entre outras unidades. O documento é assinado pela Fenae, ANEAC, FENAG) e Associação Nacional dos Empregados da Caixa no Trabalho Social (SOCIALCAIXA).

“É uma coisa absurda. É como se a Caixa dissesse ao empregado: ‘Se vira para achar um lugar para trabalhar’. Esta gestão está sendo caracterizada pelo autoritarismo, pela falta de preocupação com o ser humano. Além do mais, as principais áreas atingidas são responsáveis pelo principal papel da Caixa, que é o social”, disse o presidente da Fenae Sergio Takemoto ao jornal Metrópoles.

 

Na luta para reverter o quadro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT) e a Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) enviaram ofício ao presidente do banco, Pedro Guimarães e debateram o tema na mesa de negociações permanentes, no dia 3 de dezembro.

Durante o encontro os representantes dos trabalhadores cobraram respeito ao Acordo Coletivo de Trabalho, e enfatizando os impactos na vida funcional dos empregados causados pela reestruturação, pediram a suspensão do referido processo. “A Caixa segue inflexível nas medidas que adotou e não demonstra disposição efetiva para o diálogo acerca das consequências para os empregados e para a própria empresa. Isso nos impõe a necessidade de forte mobilização a partir dos locais de trabalho, especialmente nas áreas diretamente atingidas, e com envolvimento de todos, por todos os cantos do país”, declarou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Fabiana Uehara Proscholdt.

Reestruturação + metas adoecedoras +

Sem diálogo e sem aviso aos empregados, a Caixa promoveu em novembro novo aumento nas metas estabelecidas anteriormente. Em reunião com as áreas pertinentes, segundo a conselheira de Administração eleita, Rita Serrano, a direção da empresa havia assegurado que as metas seguiriam as mesmas até o final do ano. Informações obtidas pelo Sindicato e pela CEE/Caixa dão conta de que, em muitos casos, houve duplicação das metas. E até triplicação.

Trabalhadores denunciam que as mudanças como no Conquiste, por exemplo, fizeram agências caiem 10 pontos, sendo que a maioria delas estava em Alta Performance antes da alteração. O item “home broker”, tão cobrado pela direção da Caixa quando havia perspectiva de fatiamento do banco, agora foi excluído. “Gestores falam em metas desafiadoras, mas o que vemos são metas pra lá de adoecedoras e que desconsideram, inclusive, o cenário de pandemia que ainda vivenciamos”, declarou Fabiana Uehara, em publicação do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal.

Reestruturação + metas adoecedoras + CR 444 000 +

Com a publicação do normativo CR 444 000 (Programa de Incentivo às Práticas de Vendas Qualificadas (PQV) em outubro, a Caixa criou o conceito de “falha comportamental”. “O programa coloca no trabalhador a responsabilidade pelo insucesso do pós venda, desconsiderando o produto, o sistema e, até mesmo, as dificuldades econômicas pelo qual passa a sociedade. O que pode gerar vendas ruins são metas abusivas reajustadas de última hora, a poucos dias do fim do exercício. O que pode gerar uma venda mal feita é o assédio feito pela empresa, que condiciona a função a resultados impossíveis de serem alcançados”, destacou o representante da Fetec-CUT/CN, Antônio Abdan.

Reestruturação + metas adoecedoras + CR 444 000 = PDV

Com o vencimento da MP995 e a maior dificuldade de privatizar a Caixa, seus gestores partiram então para o ataque direto contra os trabalhadores. O banco prorrogou para o dia 11 de dezembro o PDV de novembro, com o objetivo de ‘tirar’ da instituição 7,2 mil dos seus 84 mil empregados.

Com a reestruturação, ampliação exorbitante das metas, publicação do CR 444000 e prorrogação do PDV o banco afunila o caminho dos empregados que já sofreram e foram amplamente expostos durante a pandemia, enquanto atuavam no cumprimento do papel social da Caixa. É preciso resistir aos ataques contra os empregados e contra a Caixa.

Fontes:

Fenae

Jornal Metrópoles

Sindicato dos Bancários do Distrito Federal